Histórias de campanha (3)

3. TinTin na terra do junco extra-terrestre


Depois de alguns anos, o Tintin (um pouquinho mais rechonchudo, com óculos e sem qualquer dúvida sobre as suas preferências sexuais) decidiu fazer, de novo, uma viagem a um país complicado.

Saiu de TGV de Bruxelas e atravessou a pé a península. (Desenganem-se os apologistas do exercício físico.... não emagreceu).

Mesmo assim conseguiu chegar a tempo à campanha e dizer a um gato "o que era bom era o TGV desde Madrid, pelo menos desde Madrid".

Lá continuou...

Olhou para a esquerda e para a direita e, num ataque súbito de revivalismo e de alucinações induzidas pela mesma substância da donzela virgem, lá voltou ao tempo em que era o Arauto do Liberalismo contra o Comunismo... lá viu Trotsky reencarnado e gritou (com um tique de Raínha de Copas e de Paulinho das Feiras) Cuidado com os Comunistas...

Olhou para o outro e viu uma planta que lhe levantou suspeitas, deu uma pirueta e viu que os extra-terrestres eram uma única forma de vida (o junco) e gritou desenfreado... Ai o junco, ai o junco, ai o junco... ele é que é o lobo...

E (mais uma vez) o capitão Haddock, mais baixinho e com óculos, e também sem qualquer dúvida sobre as suas preferências sexuais (mas ao contrário) ficou com medo de doenças contagiosas...

Enquanto isso, a Bruxa Má do Leste continuou a distribuir cogumelos...

Histórias de campanha (2)

2. Alice no país das maravilhas


Era uma vez um coelho branco que foi à Assembleia da República porque estava atrasado para o Muito Bom.

Desde sempre que tinha ambicionado tomar o Muito Bom, mas nunca o tinha conseguido. Só depois de encontrar o chapeleiro é que soube como o tomar...

Tinha de aparecer na televisão durante uns meses, fazer uns erros grosseiros e lá conseguiria tomar o Muito Bom.

Alguns outros coelhos brancos, cigarras e formigas trabalhadoras disseram-lhe que não era assim...

Os outros coelhos brancos, quase em extinção, disseram-lhe: Olha lá... não é assim... tens só de deixar passar o tempo, fazer uns errozitos (mais do que normais, mas menos do que grosseiros) e o Rei de Copas deixa-te tomar o Muito Bom.

As cigarras disseram... não faças nada... ele vem-te ter ao colo...

As formigas disseram... Muito Bom? o que é isso? eu que trabalho tomo sempre um Bom com Distinção porque não tenho tempo para fazer sentenças de quilómetro e estou mais preocupada em resolver os problemas das pessoas do que em dissertar sobre questões metafísicas que ninguém entende e que, também, a ninguém interessam, tirando a pseudo-iluminados.

Mas o coelho branco lá correu com o relógio na mão... e lá encontrou a toca.

O Rei de Copas teve então de ouvir o coelho branco, avaliar o chá e dar-lhe o Muito Bom.

Mas a Alice ficou triste... Afinal ela era uma criança e nunca ninguém lhe tinha dito que o Muito Bom estava reservado para coelhos brancos e para cigarras...

Bem pelo contrário... a sua inocência juvenil, a sua pureza, os seus valores sempre a tinham levado a prezar as formigas...

E a Alice disse: E que tal suspender o Muito Bom até vermos se a formiga que descobriu o coelho branco tinha ou não tinha razão.

Mas logo uma personagem bipolar meio Rainha de Copas meio Duquesa veio dizer:

Eu não quero saber se foi ou não a Alice a pedir a suspensão do Muito Bom... Para mim foram os extra-terrestres...

Acho muito mal que formigas avaliem coelhos brancos... Isso só o Rei de Copas pode fazer... Até porque só ele tem o relógio.

E já agora... Adoro o Mário Nogueira... quando crescer quero ser como ele.

Histórias de campanha

1. O pasquim e o lobo

Numa terrinha longe, muito longe, havia um pasquim que guardava ovelhas...

Um dia, há mais de um ano atrás, uma linda donzela virgem (?) convenceu o pasquim que ele tinha de acreditar em lobos e que se não os encontrasse tinha de fazer o possível para que todos vissem o perigo dos lobos que se estavam a acercar da aldeia.

Então o pasquim andou, andou, e nunca encontrou pegadas dos lobos...

E não é que as ovelhas continuavam sãs e salvas...

Como é que podia ser... Ele tinha a certeza que havia lobos...

Pensou, pensou e descobriu a solução...

Em certas alturas criticas para a aldeia, especialmente quando não houvesse notícias, o pasquim decidiu deixar fugir algumas ovelhas e gritar lobo para desviar atenções.


Na primeira vez correu tudo muito bem... toda a gente correu em defesa do pasquim e acreditou que havia lobos...

Mais, a aldeia começou a ver lobos em cada esquina, em cada "desaparecimento", em cada silêncio...

Na segunda, um amigo do pasquim começou a desconfiar que as ovelhas afinal não tinham sido comidas e que o pasquim estava a enganar a aldeia... mas manteve-se calado... afinal ele conhecia a donzela virgem (?) e ela tinha-lhe contado a mesma história...

Na terceira vez alguém encontrou a ovelha e enviou-a aos outros pasquins da aldeia para que todos vissem que não havia lobos.

Um dos pasquins, ainda convencido pela donzela, entendeu fechar os olhos e não ver a ovelha...

O outro lá decidiu avisar a aldeia...

Foi um tumulto... afinal não havia lobos...

O primeiro pasquim, aflito, lá começou a gritar... não eram só lobos,eram também extra-terrestres (do planeta SIS) que estavam a comer as ovelhas...

E ainda alguns acreditaram em extra-terrestres...

Mas, azar dos azares, alguém levantou as saias da donzela e viu que ela não era virgem....

E o chefe da aldeia passou a ter medo de doenças contagiosas...

O Cravo e a mãe

Porque não tenho medo... aqui vai a minha versão do poema.

O meu cravo vermelho não me sai do peito,
Está alegre por ter sido plantado
O meu cravo vermelho é sinal de respeito
E nunca será silenciado

O meu cravo vermelho ao peito
Deve a cor a todos os que lutaram,
Verde de esperança solidamente firmado
No vermelho do sangue vilipendiado.

Venham todos... que os cravos não se arrancam com palavras...

Pois só quem não tem cravo tem medo...
Só quem não é de Abril não tem cravo...